Em nossos dias — para tristeza do Espírito Santo — pertencer
a uma agência de pregadores tornou-se comum e corriqueiro. E os convites para
ingressar nessas agências chegam principalmente pela Internet. Nos sites de
relacionamento encontramos comunidades pelas quais os internautas mencionam
quem é o seu pregador preferido e por quê. Certa jovem, num tópico denominado
“O melhor pregador”, declarou: “Não existe ninguém melhor que ninguém; cada um
tem a sua maneira de pregar, e cada pessoa avalia segundo o seu gosto”.
Ela tem razão. Ser
pregador, hoje em dia, não basta. Você tem de atender às preferências do povo.
Já ouvi irmãos conversando e dizendo: “Fulano é um ótimo pregador, mas não é
pregador de congresso” ou “Fulano tem muito conhecimento, mas não gosta do
reteté”.
CONHEÇAMOS ALGUNS TIPOS DE PREGADOR E SEUS PÚBLICOS-ALVO:
Pregador humorista.
Diverte muito o seu público-alvo. Tem habilidade para contar fatos anedóticos
(ou piadas mesmo) e fazer imitações. Ele é como famosos humoristas do gênero
stand-up comedy. De vez em quando cita versículos. Mas os seus admiradores não
estão interessados em ouvir citações bíblicas. Isso, para eles, é secundário.
Pregador “de vigília”. Também é conhecido
como pregador do reteté. Aparenta ter muita espiritualidade, mas em geral não
gosta da Bíblia, principalmente por causa de 1 Coríntios 14, especialmente os
versículos 37 e 40: “Se alguém cuida ser espiritual, reconheça que as coisas
que vos escrevo são mandamentos do Senhor... faça-se tudo decentemente e com
ordem”. Quando ele vê alguém manejando bem a Palavra da verdade (2 Tm 2.15),
considera-o frio e sem unção. Ignora que o expoente que agrada a Deus precisa
crescer na graça e no conhecimento (2 Pe 3.18; Jo 1.14; Mt 22.29). Seu público
parece embriagado e é capaz de fazer tudo o que ele mandar.
Pregador “de congresso”. Entre aspas porque existe o pregador de
congresso que faz jus ao título. Mas o pregador “de congresso” (note: entre
aspas) anda de mãos dadas com o pregador “de vigília”, mas é mais famoso.
Segundo os admiradores dessa modalidade, trata-se do pregador que tem presença
de palco e muita “unção”. Também conhecido como pregador malabarista ou
animador de auditórios, fica o tempo todo mandando o seu público repetir isso e
aquilo, apertar a mão do irmão ao lado, beliscá-lo... Se for preciso, gira o
paletó sobre a cabeça, joga-o no chão, esgoela-se, sopra o microfone, emite
sons de metralhadora, faz gestos que lembram golpes de artes marciais...
Exposição bíblica que é bom... quase nada!
Pregador “de congresso” agressivo. É aquele que tem as mesmas
características do pregador acima, mas com uma “qualidade” a mais. Quando
percebe que há no púlpito alguém que não repete os seus bordões, passa a
atacá-lo indiretamente. Suas principais provocações são: “Tem obreiro com cara
de delegado”, “Hoje a sua máscara vai cair, fariseu”, “Você tem cara amarrada,
mas você é minoria”. Estas frases levam o seu fanático público ao delírio, e
ele se satisfaz em humilhar as pessoas que não concordam com a sua postura
espalhafatosa.
Pregador popstar. Seu pregador-modelo é o show-man Benny Hinn, e
não o Senhor Jesus. É um tipo de pregador admirado por milhares de pessoas. Já
superou o pregador de congresso. É um verdadeiro artista. Veste-se como um
astro; sua roupa é reluzente. Ele, em si, chama mais a atenção que a sua
pregação. É hábil em fazer o seu público a abrir a carteira. Seus admiradores,
verdadeiros fãs, são capazes de dar a vida pelo seu pregador-ídolo. Eles não se
importam com as heresias e modismos dele. Trata-se de um público que
supervaloriza o carisma, em detrimento do caráter.
Pregador “ungido”. Para impressionar o seu público, derrama óleo
sobre a própria cabeça ou pede para seus auxiliares fazerem isso. Um desses
pregadores pediu, recentemente, para sua equipe derramar doze jarras de azeite
em sua cabeça!
Pregador milagreiro.
Também tem como paradigma Benny Hinn, mas consegue superar o seu ídolo. Sua
exegese é sofrível. Baseia-se, por exemplo, em 1 Coríntios 1.25, para pregar
sobre “a unção da loucura de Deus”. Cativa e domina o seu público, que, aliás,
não está interessado em ouvir uma exposição bíblica. O que mais deseja é ver
sinais, como pessoas lançadas ao chão supostamente pelo poder de Deus e
fenômenos controversos. Em geral, o pregador milagreiro, além de ilusionista e
“poderoso” (Dt 13.1-4), é aético e sem educação. Mesmo assim, ainda que xingue
ou ameace os que se opõem às suas sandices e invencionices, o seu público é
fiel e sempre diz “aleluia”.
Pregador mercantilista. Todas as suas mensagens têm como meta
induzir o seu público e dar dinheiro. Esse tipo de pregador existe desde os
tempos dos apóstolos (2 Co 2.17; 2 Pe 2.1-3) e, na atualidade, aparece bastante
na televisão. Qualquer passagem bíblica pode ser usada para atender aos seus
propósitos mercantilistas. Isaque é a “melhor oferta financeira”, jumentinho
que Jesus montou é “BMW”. E assim por diante.
Pregador contador de histórias. Conta histórias como ninguém, mas
não respeita as narrativas bíblicas, acrescentando-lhes pormenores que
comprometem a sã doutrina. Costuma contextualizar o texto sagrado ao extremo.
Ouvi certa vez um famoso pregador dizendo: “Absalão, com os seus longos
cabelos, montou na sua motoca e vruuum...” Seu público — diferentemente dos
bereanos, que examinavam “cada dia nas Escrituras se estas coisas eram assim”
(At 17.11) — recebe de bom grado histórias extrabíblicas e antibíblicas.
Pregador cantante. Indeciso quanto à sua chamada. Costuma cantar
dois ou três hinos (hinos?) antes da pregação e outro no meio dela. Ao final,
canta mais um. Seu público gosta dessa “versatilidade” e comemora: “Esse irmão
é uma bênção! Prega e canta”. Na verdade, ele não faz nenhuma das duas coisas
bem.
Pregador “massagista”. É hábil em dizer
palavras que massageiam os egos e agradam os ouvidos (2 Tm 4.1-5). Procura
agradar a todos porque a sua principal motivação é o dinheiro. Ele não tem
outra mensagem, a não ser “vitória”, principalmente a financeira. Talvez seja o
tipo de pregador com maior público, ao lado dos pregadores humorista, popstar e
milagreiro.
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