Tornou-se comum nos círculos pastorais se falar em uma “boa
igreja”. Mas, o que tal expressão envolve? Qual o conceito de uma “boa igreja”
em alguns círculos evangélicos na atualidade?
Ouvindo e analisando o discurso sobre uma “boa igreja”,
cheguei a conclusão de que para se enquadrar nesse perfil, é necessário que uma
igreja local ou congregação preencha os seguintes requisitos:
- Ter um bom número de membros e congregados ativos;
- Esse bom número de membros e congregados ativos devem
proporcionar uma boa oferta, capaz de promover o crescimento institucional
desta igreja, e de proporcionar tranquilidade e segurança financeira ao seu
pastor;
- O templo onde os cultos são realizados deve estar situado
num lugar de boa visibilidade, bom acesso e bom estacionamento;
- Uma boa arquitetura exterior e interior, associada a um
bom conforto são indispensáveis;
- A vida comunitária deve ser de boas relações, onde os
conflitos internos são os mínimos possíveis;
- A “boa igreja” não precisa exercer influência na vida
espiritual e moral dos moradores do bairro ou da cidade onde está inserida,
desde que exerça uma forte influência política e social entre os mesmos;
- A “boa igreja” é caracterizada pela presença de membros e
visitantes ilustres da classe média alta, dos ricos e de personalidades
notáveis de grande destaque social.
Como se percebe, a ideia contemporânea sobre uma “boa
igreja” em nada se alinha com aquilo que as Escrituras dizem acerca da Igreja
de Jesus. A visão acima apresentada, de caráter mercadológico e empresarial,
acaba promovendo competição entre aqueles que anseiam um dia pastorear uma “boa
igreja”, ou frustração na vida daqueles que são removidos de uma “boa igreja”.
Uma igreja local “boa” é aquela que está inserida no
contexto maior da Igreja Universal, edificada por Jesus (Mt 16.18), único e
inabalável fundamento (1 Co 3.11).
Uma igreja local “boa” possui tal qualidade pelo fato de ser
criação de um Deus essencialmente e plenamente bom (Ef 3.6-9).
Uma igreja local “boa” é aquela que manifesta a multiforme
sabedoria de Deus entre principados e potestades nos lugares celestiais (Ef
3.10).
Uma igreja local “boa” trabalha na evangelização e na
prática do discipulado entre os povos (Mc 16.15; Mt 28.19-20), na perseverança
na doutrina, na oração, na comunhão, na adoração (At 2.42-47) e no socorro aos
necessitados (At 4.32-35).
Uma igreja local "boa" é rica em Cristo, em toda
palavra e conhecimento (1 Co 1.5).
Uma igreja local "boa" é plena dos dons do
Espírito (1 Co 1.7).
Uma igreja local “boa” é caracterizada por ser coluna e
baluarte da verdade (1 Tm 3.15).
Uma igreja local “boa” não está isenta de problemas
espirituais, morais, sociais, doutrinários ou de outra ordem, mas está sendo
aperfeiçoada através do trabalho dos apóstolos, profetas, evangelistas,
pastores e mestres que compreenderam a natureza do ministério cristão, e que se
dispuseram a pagar o preço do sofrimento em todas as suas múltiplas faces e
formas (At 9.16; 2 Co 1.4; 12.15).
Não importa o tamanho da igreja local, sua renda, sua
influência social, sua localização geográfica, sua arquitetura ou qualquer
outro fator. Se tivermos a convicção de que foi o Senhor quem nos chamou para
cuidar de sua Igreja, nos alegraremos na graça de Jesus, sabendo que esta é a
“boa igreja”, o rebanho que está entre nós, e que nos foi confiado pelo Supremo
Pastor (1 Pe 5.1-4).
Nenhum comentário:
Postar um comentário