Nas eleições da 41ª AGO José Wellington obteve 9003
votos vencendo os 7407 de Samuel Câmara, uma diferença de 1596 votos, que
realmente pode ser apontada como pequena. Porém nas eleições da 39ª AGO, que
aconteceu em 2009, a diferença entre os candidatos foi menos da metade disso:
apenas 756 votos. Isso mostra que diferente do que a votação um pouco apertada
deste ano aparenta, o nome do pastor Samuel como presidente da CGADB perdeu
força entre os pastores nos últimos quatro anos, já que a margem de votos entre
os dois mais do que dobrou em 2013.
Além disso é importante observar que houve um
crescimento substancial de votos válidos nesta eleição – 12682 para presidente
em 2009 contra 16410 em 2013 – ou seja, 3728 pastores a mais votaram. Da 39ª
AGO para a 41ª o presidente pulou de 6719 votos para 9003, enquanto o pastor
Samuel teve um tímido crescimento de 5963 para 7407, ou seja, assim pode-se
dizer que dos 3728 novos pastores aptos ou interessados a votar, 61% deles
(2284) teriam apoiado José Wellington. Assim podemos supor que a maioria dos
novos votos e eleitores que estão surgindo nos últimos anos são ou querem se
tornar “amigos do presidente”, tirando assim uma força importante de Samuel
Câmara nesse cabo de guerra eleitoral.
Nem tudo é um mar de rosas
A surpresa da chapa CGADB para Todos ficou para a
eleição do pastor Jonas de Paula como 5º secretário (região sudeste) e a
eleição dos dois tesoureiros, vitória esta que só havia conseguido pela metade
em 2009 quando elegeu apenas o segundo tesoureiro da CGADB, mas a mudança de
foco dos eleitores nesta sensível área já era esperada após as graves acusações
que o pastor Silas Malafaia fez contra as finanças da entidade assembleiana.
Alias, o conhecido televangelista do programa Vitória em Cristo havia sido o
grande trunfo de Samuel Câmara em 2009 quando, filiado a sua chapa, foi eleito
para a alta e importante posição de 1º vice-presidente da CGADB com 5843 votos,
embora tenha renunciado ao cargo e a sua filiação à entidade um ano depois.
Outra fato a se atentar é que nas eleições de 2013 a
chapa CGADB para Todos ficou com uma diferença menor que ralos 600 votos em 3
das 5 disputas para vice-presidente, sendo uma – a terceira (região norte) – em
que a diferença foi de apenas 135 votos. Cenário parecido também aconteceu em
três das cinco vagas para secretários da CGADB onde uma foi decidia por 301
votos e outras duas por menos de 200 de diferença entre os candidatos. Somando
esses números ao fato da eleição dos tesoureiros e de um secretário, é
claramente perceptível que a chapa de Samuel Câmara está cada vez mais
crescendo e beliscando cargos importantes e estratégicos politicamente.
O futuro da CGADB
Um dos principais problemas que essa análise apresenta é
que enquanto a CGADB para Todos parece crescer em competitividade, o cabeça da
chapa ao invés de também se aproximar do concorrente viu seu nome mais distante
em relação a ele na corrida presidencial. Para Câmara não vai adiantar muito a
chapa ter vários pastores seus nas diretorias se o pastor José Wellington ainda
estiver presidindo eles.
Já a chapa “Amigos do Presidente” se vê em uma posição
totalmente contrária a da oposição, já que embora o nome “José Wellington”
remeta imediatamente ao termo “presidente da CGADB”, os nomes nas chapas não
possuem essa afinidade e publicidade. A chapa de Samuel Câmara investiu muito e
bem na divulgação, já a campanha da chapa de José Wellington focou quase que
exclusivamente na publicidade interna priorizando mais o presidente (até o nome
da chapa destaca principalmente ele). A publicidade é a principal arma para
quem quer ser conhecido e divulgado, mas ela só funciona se for bem usada.
marco-feliciano-cgadbO grande retrato da 41ª AGO na
mídia foi o grande assédio recebido pelo popular pastor Marco Feliciano, assim
como foi na 39ª AGO com o pastor Silas Malafaia. No breve momento em que esteve
presente no evento, Feliciano conseguiu roubar a atenção não só dos apoiadores
de Samuel Câmara, quanto dos de José Wellington também, e ainda recebeu uma
moção de apoio de forma unânime dos pastores da CGADB. Talvez uma estratégia a
ser explorada em 2017 seja esta: assim como Silas Malafaia ajudou muito na
penúltima eleição na chapa de Samuel Câmara, pastores midiáticos podem ser o
diferencial dos candidatos nas próximas eleições.
A disputa para 2017 está entre os bons contatos
políticos da chapa CGADB para Todos e a força do já tradicional nome do pastor
José Wellington. Quem quiser ser o próximo a ser chamado pela mídia de
“presidente das Assembléia de Deus” vai ter que começar desde já a fazer
campanhas, alianças, contatos e estratégias, porque se o cenário de 2013 foi ao
menos emocionante, o de 2017 promete ser divisor de águas.
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