De acordo com decisão do CNJ, proposta
pelo presidente do Conselho e também presidente do Supremo Tribunal Federal,
ministro Joaquim Barbosa, “é vedada às autoridades competentes a recusa de
habilitação, celebração de casamento civil ou de conversão de união estável em
casamento entre pessoas de mesmo sexo”.
O texto da resolução determina ainda que,
caso algum cartório se recuse a concretizar o casamento civil, os envolvidos
deverão informar o juiz corregedor do Tribunal de Justiça local do fato.
- A recusa implicará imediata comunicação
ao respectivo juiz corregedor para providências cabíveis. – diz o texto.
A decisão dividiu opiniões. De um lado, os
defensores do chamado casamento civil igualitário comemoraram a decisão,
enquanto os contrários a resolução defenderam que tal decisão não é de
responsabilidade do CNJ, e sim do Congresso Nacional, que também tem o assunto
em sua pauta de discussões.
Em seu site, Jean Wyllys comemorou a
decisão e chegou a comparar a resolução com avanços sociais como o direito de
voto à mulher e o fim da escravidão.
- A luta pelos direitos civis dos
homossexuais é filha da luta pelos direitos civis dos negros e das mulheres.
Nós estamos continuando um caminho que esses movimentos, o feminismo e o
movimento negro, iniciaram há muitos anos – completou Wyllys, ao ressaltar que
a decisão foi proposta pelo primeiro presidente negro do Supremo Tribunal
Federal.
O pastor Silas Malafaia criticou a decisão
do Conselho. Segundo o pastor, a competência de tal decisão é do Congresso.
- Não é competência do CNJ decidir sobre
isso. O casamento de homossexuais é uma mudança de paradigma. A sociedade tem
que decidir isso por meio de um plebiscito ou então por meio do Congresso
Nacional. Não é uma canetada do CNJ que vai resolver a questão – afirmou
Malafaia.
- Põe o plebiscito na rua para ver o que a
sociedade quer. Os movimentos gays iriam perder com certeza – completou o
pastor.
A decisão foi também questionada pelo
subprocurador-geral da República, Francisco Sanseverino. Único voto contrário
do CNJ, a conselheira Maria Cristina Peduzzi fez coro com Sanseverino,
afirmando que tal decisão não cabe ao conselho.
- Não tenho dúvidas de que a união
homoafetiva foi reconhecida pelo Supremo Tribunal Federal e ali se afirmou a
constitucionalidade dessas uniões e assegurados os efeitos civis produzidos
pelas respectivas uniões. [...] Penso que isso é questão que estaria afeta ao
Congresso Nacional – declarou Peduzzi.
O deputado João Campos (PSDB-GO),
coordenador da Frente Parlamentar Evangélica, também se manifestou contra a
resolução, classificando como “absurda” a decisão do Conselho. De acordo com o
Estadão, Campos tentará reunir a bancada evangélica ainda nessa semana para
discutir as medidas que adotarão como tentativa de reverter a decisão. Entre as
possibilidades, está um recurso ao Supremo Tribunal Federal (STF) ou um projeto
de decreto legislativo para se tentar suspender a decisão via Congresso.
- A decisão do CNJ é um total absurdo. Não
bastasse o Supremo ter se habituado em legislar, agora temos o CNJ. O Supremo
legislou dentro de um ativismo que causa insegurança jurídica ao reconhecer a
união civil (entre homossexuais) e agora o CNJ está claramente exorbitando seu
papel – afirmou Campos, que disse ainda que decisões como esta do CNJ reforçam
na Câmara o desejo de apreciar duas propostas de emendas à Constituição,
aprovadas pela Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), que permitem ao
Legislativo rever decisões do Judiciário.
Após saber da atitude de João Campos, Jean
Wyllys classificou a Frente Parlamentar Evangélica como “obtusa” e reclamou
dizendo que “essa gente não dá trégua”. Em sua crítica à FPE, Wyllys liga João
Campos ao pastor Marcos Pereira, que foi preso na última semana acusado de
estupro.
- Já há deputado evangélico
fundamentalista recolhendo assinatura de proposição contrária à decisão do CNJ…
Essa gente não dá trégua! – comentou Wyllys pelo Twitter.
- Um escroque correligionário do tal deputado
aparece no noticiário acusado de seis estupros e um homicídio e ele se cala
providencialmente. – completa o parlamentar, que ainda questiona: – Agora me
digam se um tipo desses tem alguma coerência ou moral?
Por Dan Martins, para o Gospel+
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