A Igreja Primitiva é descrita na Bíblia como uma
comunidade em que todos repartiam seus bens de forma que nenhum fiel ficasse
desamparado. Aplicar esse conceito de forma literal nos dias de hoje é algo
visto como impossível, mas adotar princípios dessa filosofia, não.
O pastor Fábio Mendonça, líder da Assembleia de Deus
Ministério Lagoinha na cidade de Araruama, Rio de Janeiro, e sargento da
Polícia Militar da 25ª CIA em Cabo Frio, aplicou princípios da Igreja Primitiva
na congregação que dirige.
Atento às necessidades materiais de alguns membros de
sua igreja, resolveu reverter a aplicação dos dízimos e ofertas arrecadados na
construção de moradias para os fiéis em situação de vulnerabilidade social, sem
custos para os beneficiados.
Mendonça afirmou, em entrevista ao jornal O Cidadão, que
a ideia surgiu do desejo de prestar assistência às pessoas em dificuldades: “A
igreja a princípio se assustou com a ideia, mas eu tinha que ser o primeiro a
mostrar que poderia acontecer. Na Polícia Militar eu trabalho com manutenção,
usei minha experiência na área no projeto. Por isso, eu mesmo fiquei de frente,
inclusive, ajudando a cavar a fundação das casas”.
A iniciativa incomum já recebeu críticas, disse
Mendonça: “Alguns pastores me perguntaram se eu não estava ‘arrumando’ muito
trabalho. Se Deus pensasse no trabalho que o ser humano dá a Ele em relação à
desobediência a seus princípios, não teria feito o mundo. Tudo que fazemos na
vida pode nos gerar problemas, você não compra um carro, por exemplo, pensando
que o pneu pode furar um dia, mas no benefício que você vai ter com o veículo”,
ilustrou.
O trabalho voluntário e o aproveitamento máximo dos
materiais foram essenciais para que o desafio se tornasse realidade, de acordo
com o pastor: “O maior desafio era não desperdiçar material e economizar com
mão de obra. Foram construídas quatro casas em apenas quatro meses, os dízimos
e ofertas foram revertidos para a obra. Além de mim, mais três pedreiros
ajudaram na realização das construções trabalhando voluntariamente aos finais
de semana”.
A congregação possui 200 membros, e com a iniciativa de
construir moradias para os fiéis que não tinham onde morar houve mobilização
solidária por parte da comunidade. O pastor Fábio Mendonça ressalta que não
realizou nenhuma campanha de arrecadação: “Não sou de pedir. Acredito que
quando o trabalho é direito, o Espírito Santo se encarrega de mover o coração
das pessoas ao desejo de ofertar. E assim foi: um membro doou mil tijolos,
outro duas pias…”, disse, revelando que a iniciativa ainda não atendeu as
necessidades de todos os membros: “Agora, estamos construindo mais quatro
quitinetes, com o desafio de entregá-las até o dia 12 de outubro, pois, hoje
temos duas senhoras alojadas na igreja, uma delas está no espaço onde eu atendia,
meu gabinete pastoral e a outra na ‘salinha’ das crianças”.
Segundo o pastor, sua iniciativa não tem motivação
política: “Se eu estiver fazendo isso na intenção de ser candidato o trabalho é
em vão, não tenho interesse político nenhum”.
“As igrejas devem ficar mais atentas à necessidade do
povo. Sejam elas materiais ou espirituais. Há igrejas em que a maioria dos
membros não possui necessidades financeiras, mas sempre há os que precisam de
ajuda espiritual e aqueles que precisam de ajuda material”, alertou o pastor
Fábio Mendonça.
Por Tiago Chagas, para o Gospel+
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