Pesquisa revela que 1 em cada 4 padres brasileiros larga
o sacerdócio para se casar
Uma estimativa feita pelo Movimento Nacional das
Famílias dos Padres Casados revelou que um em cada quatro padres brasileiros
abandonam o sacerdócio para se casar. De acordo com a entidade, são cerca de
sete mil religiosos no país que solicitaram a dispensa do sacramento da ordem
em troca do matrimônio.
Ao comentarem sobre as motivações para deixarem a
batina, a maioria dos padres que largaram o sacerdócio afirma que não saíram da
Igreja para se casar – mas que divergiam de muita coisa e o casamento era
consequência, segundo o jornal Estadão.
Quase 900 anos após o Primeiro Concílio de Latrão, quem
em 1139 reforçou a ideia do celibato clerical, que se tornaria norma da Igreja
Católica em 1563 com o Concílio de Trento, muitos dos padres casados ainda têm
esperança em uma mudança nos paradigmas da Igreja, e alguns deles veem no papa
Francisco um possível caminho para essa mudança.
- Estamos contentes com o espírito, as palavras e as
atitudes cristãs dele. Mas não dá para saber se e como ele vai enfrentar a
realidade dos cerca de 150 mil padres casados no mundo – declarou João Tavares,
porta-voz do movimento, sobre o papa.
Aos 82 anos, o professor Eduardo Hoornaert, que foi
padre por 28 anos acredita que uma eventual readmissão de padres casados não é
prioridade para o papa Francisco, e afirma que o pontífice tem outros problemas
a resolver.
- Formar missionários com boa formação evangélica, sem
essa carga de 2 mil anos de dogmas e leis, é a prioridade. É preciso reformular
o ministério, e o papa Bergoglio sabe muito bem disso – afirma Hoornaert, que
diz também que embora tenha abandonado os ritos, não se desligou do ministério,
“pois o ministério é o Evangelho”.
- Alguns padres que se casaram são movidos pelo
saudosismo e gostariam de voltar, enquanto outros se adaptaram. A Igreja tem
leis e uma delas é a do celibato – ressalta o historiador.
Apesar de muitos discutirem uma possível readmissão dos
padres casados pela Igreja Católica, a adaptação social após abandonar a batina
é um dos temas mais discutidos, e o momento visto como o mais difícil pela
maioria deles, sobretudo porque muitos dedicaram grande parte de suas vidas ao
sacerdócio.
- Entrei no seminário com 12 anos. Foram outros 12 até
ser ordenado. (…) No começo, me afastei totalmente da Igreja. Tornei-me um
agnóstico. Com o passar dos anos, atuei na Pastoral Social. Hoje em dia, só vou
à missa aos domingos – afirmou Francisco de Assis Resende, de 72 anos, que foi
padre por dois anos e depois se casou, teve duas filhas e quatro netos.
Abel Abati, que tem 73 anos e foi padre por quatro, conta
que se afastou da Igreja depois que deixou a batina, em 1970. No mesmo ano, se
casou com Neide de Fátima, com quem vive até hoje. “Não ia ficar solteirão”,
diz. Sobre sua relação com a Igreja, ele conta que deixou de frequentar em
meados dos anos 1980.
- Não quero ter o carimbo de beato. – explica.
Apesar de expressivos, os números de padres que deixaram
o sacerdócio para se casar não são confirmados pela Conferência Nacional dos
Bispos do Brasil, que não divulga informações a respeito desse tema.
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