Abraão, Isaque e
Jacó estão entre as pessoas mais importantes do Antigo Testamento. É preciso
notar que esta importância não está baseada no caráter pessoal de cada um
deles, mas no caráter de Deus. Estes homens conquistaram grande respeito e até
mesmo temor de seus conhecidos. Eram ricos e poderosos, e, contudo, egoístas,
capazes de mentir e enganar. Não se tratava de heróis perfeitos, como
poderíamos esperar; ao contrário, eram pessoas como nós, tentando agradar a
Deus mas sempre tropeçando.
Jacó era o
terceiro elo no plano de Deus para iniciar uma nação descendente de Abraão. O
sucesso deste plano se deu mais "apesar de" do que "em razão
da" vida de Jacó. Antes de Jacó nascer, Deus prometera que o plano se
desenvolveria através dele, e não de seu irmão gêmeo, Esaú. Embora os métodos
de Jacó nem sempre fossem respeitáveis, suas habilidades, determinação e
paciência tinham de ser reconhecidos.
A vida de
Jacó possui quatro estágios, cada qual marcado por um encontro pessoal com
Deus. No primeiro estágio, Jacó corresponde à expectativa de seu nome, que
significa "ele agarra o calcanhar" (de forma figurada: "ele engana").
Ele agarrou o calcanhar de Esaú ao nascer e, quando fugiu de casa, também
agarrou a bênção e a primogenitura do irmão. Durante sua fuga, Deus lhe
apareceu no caminho, não apenas lhe confirmando a bênção, mas também
despertando nele um conhecimento pessoal sobre si mesmo. No segundo estágio,
Jacó experimentou a vida pelo outro ângulo ao ser manipulado e enganado por
Labão. Então ocorre uma mudança curiosa:
o Jacó do primeiro estágio teria simplesmente abandonado Labão, porém o Jacó do
estágio dois, após ter decidido partir, aguardou seis anos pela permissão de
Deus. No terceiro estágio, Jacó estava
em um novo papel como agarrador. Desta vez, às margens do rio Jordão, ele
agarrou-se com Deus e não queria deixá-lo partir. Ele percebeu sua dependência
do Deus que continuara a abençoá-lo. Seu relacionamento com Deus tornou-se
essencial para a sua vida, e seu nome foi mudado para Israel, que significa
"ele luta com Deus". O último estágio da vida de Jacó foi ser
agarrado - Deus realmente o segurou. Ao responder o convite de José para ir ao
Egito, Jacó demonstrou claramente não querer tomar nenhuma decisão sem a
aprovação de Deus.
Você consegue
lembrar-se de alguns momentos em que Deus se revelou a você? Você se permite
encontrar a Deus enquanto estuda a sua Palavra? Que diferença essas
experiências têm feito em sua vida? Você é mais parecido com o jovem Jacó,
forçando Deus a seguí-lo no deserto de seus próprios planos e enganos? Ou você
é mais parecido com o velho Jacó, que apresentou seus desejos e planos a Deus,
buscando sua aprovação antes de tomar qualquer atitude?
Agora vamos
imaginar a seguinte cena: Um grupo de cristãos está sentado em volta de uma
lareira, numa sala bem grande. Eles estão compartilhando testemunhos sobre suas
jornadas espirituais. Um homem barbado fala sobre o vício nas drogas que lhe
custou a família e os negócios. Ao chegar ao "fundo do poço",
encontrou Jesus numa missão de recuperação de viciados. Com voz baixa, uma
mulher bem vestida fala sobre um abuso sofrido no passado e como quase chegou a
cometer suicídio. Encontrou Cristo através de um ministério com universitários.
Sua vida nunca mais foi a mesma. Um senhor de idade conta como pegou uma Bíblia
deixada pelos Gideões num quarto de hotel numa noite triste de uma solitária
viagem de negócios.
Toda jornada
espiritual é única, e isso nem poderia ser diferente. Mas, embora cada um de
nós tenha suas peculiaridades, todas as histórias de salvação compartilham de
elementos comuns. Talvez seja por isso que todos nós nos identificamos com a
conhecida história de Jacó, lutando com Deus (ver Gênesis, cap. 32).
Jacó estava
num ponto crítico de sua vida. Anos atrás tinha trapaceado seu irmão mais
velho, roubando-lhe o direito e a bênção da primogenitura. Naquele momento,
Esaú estava vindo ao seu encontro, trazendo consigo quatrocentos homens. Jacó
temia pelo pior e, por isso, orou. Estava em pânico. Enviou uma porção de
presentes para tentar acalmar os ânimos de Esaú, mas, ainda assim, estava
assustado.
Então, sozinho, no meio da noite, Jacó
encontro um "homem", que não era um homem comum, mas divino (Gen
32.24,30). O que exatamente aconteceu
não está claro. As Escrituras simplesmente dizem que eles "lutaram"
(Gen 32.24). O texto nos dá poucos esclarecimentos sobre essa luta divina - o
suficiente para sabermos que foi dolorosa, agonizante e difícil. O homem estava
inflexível, e Jacó foi persistente.
Quando tudo acabou, Jacó, ferido e cansado, era outro homem. Recebera um
outro nome e andaria coxeando para o resto da sua vida. Cada passo dado a
partir daquele momento até a sua morte seria uma lembrança do encontro com Deus
no vau de Jaboque, o qual mudou a sua vida.
Não é assim
que a salvação chega a cada um de nós, quer no plano temporal, quer no
espiritual? É típico do ser humano lutar para mudar as coisas, sem perceber
que, no fundo, está lutando com o próprio Deus.
Essa luta não é sobre "coisas", mas está relacionada a
aceitarmos ou não a vontade de Deus. À beira do desespero total, clamamos a
Deus dizendo: "o que o Senhor realmente quer de mim?" A resposta de
Deus é um gentil "eu quero apenas você".
Mesmo então,
deixar isso acontecer é uma coisa difícil. Lutamos, batemos, algumas vezes
choramos. É comum terminarmos esse processo com cicatrizes do combate,
lembranças eternas da forma como nos encontramos com Deus. Mas quando finalmente entregamos
completamente nossas vidas a Deus, somos transformados por Ele. Recebemos uma
nova identidade, tornamo-nos filhos de Deus (João 1.12) e somos feitos novas
criaturas (2Coríntios 5.17).
A salvação é
um dom gratuito de Deus, mas ela nem sempre vem de modo fácil. Às vezes, ela
chega num encontro difícil com Deus, mas encontrar-se com Deus sempre traz uma
recompensa: a bênção de uma vida tocada por Ele.
Amigo, Deus
não está assim tão longe de você, busque-O e terá a verdadeira vida.
"BUSCAR-ME-EIS, E ME ACHAREIS, QUANDO ME BUSCARDES DE
TODO O VOSSO CORAÇÃO" (Jeremias 29.13).
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