"Graças, porém, a Deus que em Cristo sempre nos conduz
em triunfo e, por meio de nós, manifesta em todo lugar a fragrância do seu
conhecimento" (II Co 2:14), este é o verso que inspirará nossas reflexões
e ações neste novo ano, do qual tiramos nossa chamada comunitária: 2012 –
TRIUNFANDO SEMPRE EM CRISTO. Ao longo dos últimos anos temos reafirmado a visão
de que nossa relação com Deus, uns com os outros e com o mundo se resume em
cinco áreas: adoração, comunhão, evangelização, discipulado e serviço. Assim,
como sempre fazemos, voltamos nosso foco reflexivo para elas, destacando-as em
nossos sermões neste e nos próximos domingos....
O texto de hoje nos leva para a intimidade do notável
profeta Isaías, contemporâneo de Jonas, Amós, Oséias e Miquéias, reconhecido
como o mais cristocêntrico de todos os profetas. De sua experiência registrada
nesta capítulo 6 encontramos elementos extraordinários deste que é, segundo
nosso catecismo, a razão maior de nossa existência – a glorificação de Deus.
COMO PODEMOS HOJE VIVENCIAR UMA ADORAÇÃO QUE NOS LEVE SEMPRE A TRIUNFAR EM
CRISTO?
I – ADORAR É TER UMA VISÃO DO SENHOR NA HISTÓRIA (v. 1-4)
Isaias viu dois reis: Uzias (v. 1) – 52 anos de reinado,
grande edificador de cidades, amigo da agricultura, possuidor de notória
sabedoria, porém estava morto; Deus (v.1 "assentado num alto e sublime
trono") – Senhor altamente, sublimemente, inigualavelmente e
definitivamente entronizado!
Isaias viu dois guerreiros: Uzias – criou uma indústria
bélica de ponta, formou um exército de 307.500 homens, foi vencedor de grandes
guerras, porém estava morto; Deus (v.1, 5"eu vi o Senhor... meus olhos
viram o Senhor dos Exércitos") – insuperável, invencível, audacioso,
corajoso, poderoso, imortal!
Isaías viu dois palácios: Uzias – glória fugaz, construiu
fama de conquistador mas morreu solitário, leproso e fora do palácio! Deus (v.
1 "... as abas de suas veses enchiam o templo"... v. 3b "...toda
a terra está cheia da sua glória") – glória definitiva que se manifestava
no trono eterno e se expandia por toda os limites da terra.
Isaías viu dois caráteres: Uzias – um homem que não soube
conviver com o seu sucesso e nem respeitar os limites de sua função real,
usurpando inadvertidamente responsabilidades restritas ao sacerdote Azarias (II
Crôn 26:16-23); Deus – (v.2-3 "serafins estavam por cima dele, cada um
tinha seis asas: com duas cobria o rosto, com duas cobria os seus pés e com
duas voava e clamavam uns aos outros: Santo, santo, santo é o Senhor dos
Exércitos.....") Diante de Deus os serafins: se dedicavam prioritariamente
à adoração (4 asas para cobrir e apenas duas para voar), falavam
expontãneamente sobre o Seu caráter – "santo...", inteiramente outro,
perfeito, singular, sem qualquer parâmetro humano....
O resultado imediato desta visão pessoal e contextual do
Senhor foi uma profunda consciência da Sua presença: v. 4 "as bases do
limiar se moveram à voz do que clamava e a casa se encheu de fumaça" (v.
4). Aprendemos assim que adoração: não é alienação histórica, não é um rito
religioso, não é um êxtase emocional, mas uma percepção íntima, profunda,
crescente e constante de quem Deus é e de como Ele age na história.....
II – ADORAR É TER UMA VISÃO DE NÓS MESMOS NA HISTÓRIA (v.5)
"Então" – a visão do Senhor trouxe profundas
transformações na visão que Isaías tinha de si mesmo: "ai de mim" – a
luz da santidade divina irrompeu sobre o seu coração e revelou a grandeza de
sua pecaminosidade; "estou perdido" – seu pecado o colocava numa
condição de condenado e da qual não podia sair por suas próprias forças (Rom
3:23); "sou um homem de impuros lábios" – naquela que era a sua maior
eficiência, ser como profeta a boca de Deus para o mundo, residia a sua maior
ineficiência; "habito no meio de um povo de impuros lábios" – a
impureza era uma marca notória na vida do povo como ele já denunciara nos
capítulo 5 (v.8 – má distribuição de renda; v.11 – orgias; v.18, 23 –
injustiça; v.20 – falta de absolutos; v. 30b – escuridão total).
Aprendemos assim que adoração genuína é aquela que resulta
num diagnóstico exato de quem nós somos. Quem realmente vê o Senhor sai de Sua
presença com a sensação profunda de que não vale absolutamente nada e de que, a
não ser por Sua graça em Cristo, não pode em momento algum desfrutar de Sua
presença santa!
III – ADORAR É FAZER DIFERENÇA NA HISTÓRIA (V. 6-7)
"Então" (v. 6) – da percepção de quem Deus era e
de quem ele era, Isaías percebeu quem ele poderia ser: v. 6 "um dos
serafins voou para mim, trazendo na mão uma brasa viva que tirara do altar com
uma tenaz" – ele não poderia cumprir seu papel na história se não viesse
do altar do Senhor da história uma graça aperfeiçoadora pessoal, particular,
exclusiva, única; v. 7 ".. com a brasa tocou a minha boca..." – não
era um devaneio ou alucinação, ele experimentou um genuíno e poderoso toque no
foco da sua maior fragilidade – a boca; v. 7 "...e disse: eis que ela
tocou os teus lábios, a tua iniqüidade foi tirada, e perdoado foi o teu
pecado" – Deus selou com Sua palavra através do anjo aquilo que já fizera
diretamente com o toque, Isaías agora teve plena consciência de que estava
purificado, libertado, perdoado e renovado; v. 8"Depois disto, ouvi a voz
do Senhor, que dizia: a quem enviarei, quem há de ir por nós? Disse eu, eis-me
aqui, envia-me a mim" – Isaias ouviu a declaração de perdão e a declaração
de missão: Deus reafirmou-lhe seu propósito eterno de enviar Seus
representantes, homens conectados com o Seu altar e conectados com o seu povo,
conscientes de que tinham uma responsabilidade pessoal inadiável na
transformação da história, homens forjados na intimidade da adoração prontos
para cumprirem os grandes desafios da missão – tornar Deus conhecido e amado.
Aprendemos assim que adoração é um processo contínuo que nos
leva do mundo para o altar, onde conhecemos quem de fato dirige a história, e
do altar para o mundo, onde fazemos diferença positiva na história cumprindo
nela os desígnios do Senhor....
CONCLUSÃO
Nesta noite somos chamados a: VER O SENHOR NA HISTÓRIA –
separando diariamente e disciplinadamente um tempo de qualidade para estar na
Sua presença em adoração sincera; VER A NÓS MESMOS NA HISTÓRIA – admitindo
nossas fragilidades e as fragilidades daqueles que estão à nossa volta; A
ASSUMIRMOS O PAPEL NA HISTÓRIA QUE DEUS TEM DETERMINADO PARA NÓS (v. 8 "a
quem enviarei e quem há de ir por nós? Disse eu – eis-me aqui, envia-me a
mim") – discernindo que o Senhor da história nos confere uma missão
pessoal, que envolve deslocamento e relacionamento.
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